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Segundo dados do Ministério da Saúde, o Acidente Vascular Encefálico (AVE) atinge mais de 400 mil brasileiros no Brasil todos os anos. O grande número assusta também em escala mundial: a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera o AVE a 3ª doença mais incapacitante do mundo (dados de 2019).

Também conhecido como “derrame” ou AVC (Acidente Vascular Cerebral), o AVE pode ser classificado como isquêmico (com a obstrução de vasos) ou hemorrágico (ruptura de um vaso).

A reabilitação é fundamental no tratamento de quem teve um AVE, a fim de recuperar o quanto antes a autonomia dos pacientes, dando também mais qualidade de vida.

Primeiro, o diagnóstico

O AVE é uma urgência médica e deve ser avaliado em pronto-socorro o quanto antes. O atraso do tratamento precoce pode ocasionar lesão mais grave e piores incapacidades no futuro.

Cada paciente deve ser avaliado de maneira individual, porém, é possível identificar algumas sequelas mais comuns entre os diagnosticados com AVE:

  • Alterações motoras;
  • Alterações na fala;
  • Déficit de memória;
  • Déficit neurológico que afeta a visão;
  • Dificuldade de engolir
  • Alteração da bexiga e do intestino
  • Espasticidade.

A espasticidade ocorre quando há lesão em sistema nervoso central (medula ou encéfalo), e significa aumento de tônus muscular, involuntário. Um padrão comum de espasticidade de membro superior é ficar com o ombro “fechado”, como se estivesse levando a mão ao peito do outro lado, com dedos fechados. Já no membro inferior, é comum ficar com joelho esticado (sem conseguir dobrar) e o pé para baixo.

A espasticidade também pode ser dinâmica, ou seja, que aparece só quando se está fazendo um movimento específico, como andar ou pegar algum objeto. Ela pode ser muito incapacitante, prejudicar a deambulação, o uso das mãos, a vestimenta, bem como outras atividades rotineiras, além de causar dor.

Agora, a reabilitação

O processo de reabilitação em pacientes com AVE é necessário em quase a totalidade dos casos, e os tratamentos variam de acordo com o diagnóstico de sintomas e incapacidades avaliado pelo Fisiatra.

Podemos incluir aí a fisioterapia, a fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, profissional de educação física, prescrição de órteses e tratamentos com remédios ou toxina botulínica.

No caso da função motora, a reabilitação é progressiva conforme os ganhos do paciente, e vai trabalhar com alongamento e fortalecimento dos membros, treino de virar-se na cama, sair da posição sentado para em pé, ficar em pé, andar e equilíbrio. Além disso, será treinado atividades específicas do dia a dia, como cozinhar, vestimenta, hobbies, num ambiente seguro e focado na reabilitação.

O tratamento da espasticidade depende de exercícios de alongamento e fortalecimento do membro, e frequentemente do uso de órteses. Em alguns casos de espasticidade, o uso de toxina botulínica pode ser uma indicação. A toxina botulínica age reduzindo a contratilidade daquele músculo onde foi aplicada. Ela potencializa a eficácia da fisioterapia e das órteses, facilitando o posicionamento e alongamento dos membros, bem como reduzindo a “contração fora de hora” dos músculos.

A reabilitação pós-AVE deve atingir todas as áreas que foram comprometidas, inclusive para o tratamento de dores. A reabilitação deve iniciar o mais breve possível, para garantir a melhor recuperação.

Por isso, é necessário o diagnóstico das incapacidades feito por Fisiatra, para poder determinar o melhor programa de reabilitação para cada caso. De maneira geral, quanto mais repetições de exercícios, maior a chance de recuperar movimentos. Quanto mais cedo melhor, pois é nos primeiros meses após o AVE que o cérebro está mais propício a criar novas conexões com outras células, aumentando a chance de restabelecer de forma parcial as funções perdidas.

Consulte um Fisiatra e informe-se sobre todas as disponibilidades de tratamentos para o seu caso. Com um diagnóstico completo, outras funções comprometidas pelo AVE como fala, equilíbrio e escrita, também podem ser estimuladas e tratadas, minimizando danos e trazendo mais bem-estar.

Sobre o Dr. Victor Leite

Médico graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), com Residência em Fisiatria pelo Hospital das Clínicas da USP e Fellowship em Reabilitação Oncológica pelo Memorial Sloan-Kettering (EUA). Atua principalmente nas áreas de reabilitação oncológica, incluindo o manejo de dor, linfedema, fraqueza muscular, neuropatias periféricas e procedimentos guiados por ultrassom. Atendimento na cidade de São Paulo.

As informações disponíveis neste site possuem apenas caráter educativo. Apenas uma avaliação com um profissional médico possibilitará o diagnóstico de doenças, a indicação de tratamentos e a prescrição de remédios. 

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