A quimioterapia é um dos mais conhecidos tratamentos contra o câncer. Porém, além das reações físicas do organismo, a mente também sofre sequelas. Chamada de “Chemo brain” ou “nevoeiro quimioterápico”, a condição é um déficit cognitivo que costuma acontecer durante ou logo após o tratamento quimioterápico.
Podem acontecer prejuízos na memória de curto prazo e capacidade de concentração, com diferentes diagnósticos. Uma das causas pode ser a sobrecarga emocional e física durante o tratamento. Além disso, estudos apontam que a quimioterapia pode reduzir o metabolismo e o crescimento celular nas áreas cerebrais responsáveis pela memória e aprendizado.
Atualmente, a estimativa é que 75% dos pacientes em tratamento quimioterápico tenham alterações cognitivas. Em grande parte, os sintomas desaparecem em média de seis meses a um ano após a quimioterapia, ainda assim, os sintomas podem desencadear outros problemas, como ansiedade.
O Chemo Brain traz alterações em situações comuns da rotina, desde os cuidados pessoais a atividades profissionais, como:
- Alteração na concentração;
- Falta de memória;
- Dificuldade de atenção;
- Pensamento mais lento, com dificuldade de expressão.
Para pacientes em tratamento do câncer de mama, outro fator pode elevar as chances de dificuldades cognitivas, como o uso do tamoxifeno, um medicamento utilizado bastante em câncer deste tipo. O tratamento pode causar a sensação de nevoeiro na mente, chamado de “mental fog”, e parecido com o chemo brain.
A Fisiatria e a Reabilitação podem ajudar nestes casos, auxiliando no gerenciamento da sua energia mental, orientando para um sono de qualidade, além de hábitos como alimentação balanceada e saudável. A indicação de exercícios físicos regulares também pode ser feita, já que o exercício aeróbico moderado pode ajudar na redução dos sintomas cognitivos.
A importância da avaliação
Uma avaliação médica adequada vai considerar todo o processo do tratamento e verificando se a capacidade de concentração e velocidade em assimilar informações encontram-se debilitadas.
Além disso, é importante verificar em exames clínicos e de laboratório como estão os níveis de Vitamina D, Vitamina B 12, Ácido Fólico e Função Tireoidiana, que conforme alterações também podem prejudicar o quadro cognitivo.
Consultar um especialista em Reabilitação trará as melhores informações e dados que você e seu médico precisam saber para iniciar o tratamento e diminuir os sintomas causados pelo câncer e o seu tratamento.
Não forçar a recuperação é o caminho
É compreensível que os pacientes fiquem frustrados quando percebem alterações cognitivas simples, como esquecer as chaves de casa, perder-se em um trajeto conhecido, etc. Faz parte do tratamento também entender essas limitações e buscar a melhor forma de tratá-las gradualmente, um dia de cada vez.
Existem estratégias que podem ajudar o paciente a manejar esses sintomas e diminuir as consequências durante as atividades diárias. Utilizar recursos como anotações e criar rotinas são algumas das opções.
O paciente deve ser estimulado a manter suas atividades de sempre, porém com ganho de saúde mental e física, o que trará consequências positivas e melhoras em grande escala dos sintomas das alterações cognitivas. Conte com uma rede de apoio eficaz em sua reabilitação e não tenha receio de pedir ajuda. O câncer é um processo, assim como seu tratamento. E para isso, é preciso tempo, compreensão e reabilitação.
Sobre o Dr. Victor Leite
Médico graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), com Residência em Fisiatria pelo Hospital das Clínicas da USP e Fellowship em Reabilitação Oncológica pelo Memorial Sloan-Kettering (EUA). Atua principalmente nas áreas de reabilitação oncológica, incluindo o manejo de dor, linfedema, fraqueza muscular, neuropatias periféricas e procedimentos guiados por ultrassom. Atendimento na cidade de São Paulo.
As informações disponíveis neste site possuem apenas caráter educativo. Apenas uma avaliação com um profissional médico possibilitará o diagnóstico de doenças, a indicação de tratamentos e a prescrição de remédios.